Gustavo Sol
Cena nuclear
FICHA TÉCNICA:
Co-criação e Direção_Gustavo Sol
Co-criação e performance_Rafaella Gasparian
Assistente de Direção e Assistente de Produção: Bruna Ferrari
Cenário e figurino: Sergio Lessa
Vídeos_ Tatiana Boudakian
Consultoria Histórica: Heitor Loureiro e Natalício Batista
Gravação audiovisual_2021_Murilo Dom
Projeto do Grupo de Estudos em Neurocomputação da Performatividade
Centro Universitário Belas Artes, SP.
2023
Na peça Marash a jovem atriz Rafaella Gasparian conta a história de sua família que mudou-se para o Brasil por causa do genocídio do povo Armênio, executado pela Turquia na primeira metade do século XX. Para aqueles que fugiram em diáspora, restaram corpos insepultos e o peso de carregar valas vazias, já que esse fato histórico nunca foi politicamente admitido pela Turquia. A partir de 2020 a situação atual do Leste Europeu se agrava e a Armênia entra em guerra com o Azerbaijão em um conflito que escalona desde então. Em alerta contra o risco de novo genocídio, o povo Armênio em todo o mundo se mobiliza em manifestações de rua. Mas Gasparian, vivendo em São Paulo, cidade com oficialmente mais de 12 milhões de habitantes e em meio à um país politicamente cindido pela ascensão da extrema direita que promove a negação às vacinas — portanto, temendo a pandemia, resolve discutir a diáspora de forma diferente. Inicia um processo artístico baseado na autobiografia ficcional. Como operações cênicas utiliza-se da narração e da espacialização da memória e da fantasia por meio dos gestos. Muitos deles silenciosos e lacunares como seu bisavô e sua avó materna, quando contam sobre a fuga pelo deserto da Síria. Gustavo Sol assume a direção e contribui para a criação da estrutura da obra utilizando-se de uma interface desenvolvida em seu doutorado que classifica estados neurofisiológicos associados a diferentes estados de presenças poéticas por meio de inteligência artificial. Atualmente, Sol apresenta uma versão que, em função do distanciamento social imposto pela pandemia, passou a utilizar-se de uma webcam para a análise de expressões faciais associadas à frequência cardíaca. Em termos de treinamento e projeto de Gasparian e Sol consiste, em parte, em utilizar a interface durante os ensaios para identificar e auxiliar a compreensão dos estados de performatividade, especialmente possíveis envolvimentos emocionais da intérprete em função do que conta e faz em cena. Além disso, sistemas de biofeedback conforme Sol tem pesquisado e usado em cena há mais de 10 anos, permitem uma interação fluída e ao vivo com materiais audiovisuais. No caso de Gasparian, o processo prevê utilizar-se de vídeos e sons recolhidos durante sua recente viagem à Armênia, na região de origem de sua família. A proposta que trazem ao IPPT TALLIN 2022 consiste na apresentação e discussão online de uma das cenas de Marash como demonstração do processo em andamento, no qual a inter-ação humano-máquina auxilia o acesso à memória em cena por meio do biofeedback.
In the play Marash, the young actress Rafaella Gasparian tells the story of her family that moved to Brazil because of the genocide of the Armenian people, carried out by Turkey in the first half of the 20th century. For those who fled in the diaspora, what remained were unburied bodies and the burden of carrying empty graves, as this historic fact was never politically admitted by Turkey. From 2020, the current situation in Eastern Europe worsens and Armenia goes to war with Azerbaijan in a conflict that has escalated since then. In warning against the risk of a new genocide, the Armenian people around the world are mobilizing in street demonstrations. But Gasparian, living in São Paulo, a city with officially more than 12 million inhabitants and in the midst of a country politically divided by the rise of the far right that promotes the denial of vaccines - therefore, fearing the pandemic, he decides to discuss the diaspora in a different way . Starts an artistic process based on fictional autobiography. As scenic operations, it uses narration and spatialization of memory and fantasy through gestures. Many of them are silent and blank, like their great-grandfather and maternal grandmother, when they tell about their flight through the Syrian desert. Gustavo Sol takes over the direction and contributes to the creation of the structure of the work using an interface developed in his doctorate that classifies neurophysiological states associated with different states of poetic presences through artificial intelligence. Currently, Sol presents a version that, due to the social distance imposed by the pandemic, started to use a webcam to analyze facial expressions associated with heart rate. In terms of Gasparian and Sol's training and project, it consists, in part, of using the interface during rehearsals to identify and help understand the states of performativity, especially the interpreter's possible emotional involvements in terms of what she counts and does on stage. In addition, biofeedback systems as Sol has been researching and using on stage for over 10 years, allow for fluid, live interaction with audiovisual materials. In the case of Gasparian, the process foresees using videos and sounds collected during his recent trip to Armenia, in his family's region of origin. The proposal they bring to IPPT TALLIN 2022 consists of the online presentation and discussion of one of Marash's scenes as a demonstration of the ongoing process, in which the human-machine interaction helps access memory on stage through biofeedback.